domingo, 4 de maio de 2014

O rodízio



O Rodízio
O rodízio municipal de veículos de São Paulo organizado pela CET (companhia de engenharia de tráfego) é uma restrição a circulação de veículos automotores na cidade de São Paulo. O projeto foi implantado em 1997 com o propósito de melhorar as condições ambientais reduzindo a emissão de poluentes na atmosfera, no entanto, rapidamente adquiriu grande importância na questão da movimentação das pessoas dentro da cidade, passando a ser divulgado como um importante método para reduzir o congestionamento nas principais vias da cidade nos horários de maior movimento. O funcionamento básico do rodízio pode ser encontrado em detalhes na seguinte página: http://www.cetsp.com.br/consultas/rodizio-municipal/como-funciona.aspx.



A questão das multas.
No entanto, em paralelo a lei municipal 12.490 de 3 de outubro de 1997 que implantou o rodízio, temos a evidente contribuição do dinheiro obtido pelas multas para o orçamento do município, situação que fica ainda mais evidente quando observa-se que a cidade de São Paulo tinha no inicio de 2014, segundo dados do Detran, uma frota estimada de 7,6 milhões de veículos e que a previsão de arrecadação de multas feita pela prefeitura da cidade para esse mesmo ano é de nada menos que 1,190 bilhão de reais. Ou seja, em média, cada veículo registrado na cidade de São Paulo, pagará 157 reais de multa durante 2014, evidenciando que as multas são parte importante da arrecadação do município e levantando a seguinte questão: será que realmente o rodízio municipal de veículos atinge seus objetivos ou seria essa apenas mais uma atitude do poder público de usar a multa de trânsito como meio de arrecadação, em vez de um instrumento de segurança no trânsito, de educação e de desestímulo ao cometimento de infrações?


Controvérsias.
Atualmente existem diversas controvérsias em relação ao real motivo do rodízio, sendo que uma das críticas mais fortes recai sobre o fato do crescimento da frota de veículos na cidade de São Paulo ser contínuo, mostrando que todos aqueles que possuem condições financeiras acabam comprando um segundo veículo para poder circular durante toda a semana pela cidade, desse modo, os congestionamentos somente aumentam a cada dia que se passa. Assim, os supostos objetivos do rodízio, de diminuir a quantidade de veículos circulando e diminuir a poluição atmosférica não estão sendo cumpridos.


A pesquisa
Para evidenciar que realmente o rodízio municipal de veículos que vigora em São Paulo não elimina os problemas que levaram a sua criação, realizaremos uma análise da pesquisa Origem Destino de 1997 para compará-la com a pesquisa OD 2007 e 2012 sempre complementando os dados com valores auxiliares, assim será possível, com algumas suposições, avaliar o quão eficiente é a lei que regulamenta o rodízio.


Número de viagens diárias

Inicialmente, verifica-se um evidente aumento no número de viagens diárias na região metropolitana de São Paulo, Os números passaram de 31.432.000 viagens em 1997 para 43.715.000 em 2012, representando um aumento de 39,08%, que pode ser observado no seguinte gráfico:

 Além disso, é possível verificar, que o número de viagens motorizadas aumentou significativamente entre 1997 e 2012:
Para termos noção do aumento das viagens motorizadas, somente nesse período, houve um aumento de cerca de 45%. Em 2012 existiam cerca de 184 veículos por habitante na região metropolitana de São Paulo.
Com esses dados fica claro que o rodízio municipal é ineficiente em diminuir o número de veículos circulando na cidade, principalmente quando tratamos de veículos particulares, consequentemente o rodízio municipal também é relativamente ineficiente e em diminuir a poluição ambiental.


Os congestionamentos.
Também percebe-se que, segundo a CET, não houve diminuição dos congestionamentos no período de 2000 a 2012


Pico de transito da manhã por ano                             Pico de transito da tarde por ano   



Conclusão
A partir desses dados é possível afirmar que o rodízio é ineficiente em alcançar os objetivos aos quais inicialmente se propôs, no entanto é difícil analisar a real eficiência dessa política de controle do transito uma vez que não há parâmetros para comparação, surge então a seguinte questão, e se não houvesse o rodízio, como seria o transito na cidade? Analisaremos essa questão com uma pesquisa a ser apresentada no próximo post.

Fontes:
Pesquisa OD 2007- http://pesquisas.epl.gov.br/
Pesquisa OD 1997- http://www.cetsp.com.br/
Pesquisa OD 2012- http://www.cetsp.com.br/

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